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V.

V. [da série: contos eróticos cafonas]

Atualizado: 30 de jun. de 2023

Era nosso segundo encontro, mas o primeiro na casa dele. Iluminação perfeita das duas da tarde. Muita personalidade no ambiente, o que me deixou mais à vontade enquanto observadora, pois os pontos, os quadros, as plantas, as mantas e almofadas, tudo era demais. Quando eu olhava nos seus olhos ele sorria. Dentões brancos, imponentes. V. tem minha altura, mas parecia tão pequeno quando eu chegava perto dele que isso me atiçava ainda mais. Homens que sabem domar o ego, principalmente os cancerianos com sua sensibilidade única, são os mais divertidos de desembrulhar. Meu espírito de beata insistia em vir à tona nas conversas sobre como a desigualdade social me irrita e quanto mais eu falava, mais ele sorria. Quanto mais ele sorria, mais eu sentia vontade de lamber os seus dentes. Então eu fui e quando percebi minha calça jeans havia se tornado tão folgada que nós dois, ao mesmo tempo, a tiramos com rapidez. “Como você é assim?” ele perguntou. Um “assim como?” saiu da minha boca bem baixinho, pois pensei que estivesse falando da minha personalidade confusa. “Assim gostosa desse jeito”. A questão soou genuína, mas não havia tempo nem empolgação de minha parte para explicar que faço jejum intermitente e pulo corda dentro de casa por diversão. Questão genuína, porém retórica (talvez). Segui na exploração de sentir minha língua passando por toda sua gengiva, quase me engasgando quando ia fundo, depois devagar de encontro ao nariz. E quanto mais eu navegava, mais ele tremia. Não me lembro ao certo a ordem, mas lembro do tamanho. O maior que eu havia visto em todos esses anos. Pesado, cru, robusto. A fase oral retornou. Ele parou de tremer, se entregou e depois tremeu de novo. Não me desbravou tanto; havia me dito antes que tendia a ser mais passivo. Só seja você mesmo, V. E ele foi.

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