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V.

A Biblioteca de Babel

"Ninguém pode articular uma sílaba que não esteja cheia de ternuras e de temores; que não seja em alguma dessas linguagens o nome poderoso de um deus. Falar é incorrer em tautologias."


"Organizar uma biblioteca é um modo silencioso de exercer a arte da crítica."


Jorge Luis Borges, virgo wizard, bruxo das palavras.


Estou presa nessa biblioteca, Jorge. Corro meus dedos por lombadas, ativando sujeiras, assistindo o vento trabalhar mostrando pontos brilhantes, minúsculos e lentos no ar.

Estou amordaçada nessa biblioteca, Jorge, e não entendo o motivo de eu ainda querer falar - a existência da mordaça, talvez? -. Eu a botei em minha boca? Por que não leio os códigos? O que devo decifrar?

Moro aqui dentro, Jorge. Bem ali naquela portinhola abaixo da escada 13, à esquerda da prateleira dhcmrlchtdj. Não tenho cobertor. Quando cai a noite o frio dói, embora meu corpo seja quente, o tempo todo quente.

Escorrego pelo piso liso e me deito, Jorge, e as letras caem queimando como que saídas diretamente de uma sopa indo em direção ao meu rosto.





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