Talvez esse tenha sido o primeiro filme finlandês que eu assisti. As expressões faciais e os tratos sociais mudam dependendo da cultura, mas não foi difícil me habituar à frieza dos personagens (ou seria dos atores?). O enredo do filme ajuda nessa questão. Ele é categorizado como drama erótico e humor ácido, mas até certo ponto me convenci de que era um romance. O fato é que havia muito potencial na ideia central do filme, porém pouca habilidade de reunir tópicos sem perder a mão. O começo faz jus ao gênero "drama", trazendo delicadeza ao introduzir o fio que desencadeia a trama. O meio realmente diz respeito ao "erótico" e é a parte empolgante que nos leva a querer saber até onde vai aquilo tudo. Particularmente sempre me interessei em entender as origens dos fetiches e como eles se manifestam até o indivíduo procurar meios de supri-los. Me parece um exercício de desatar amarras e tornar-se cru, tudo isso de maneira secretamente escrachada, e o filme traz isso de uma forma interessante. Ao chegar na parte do "humor" é que as coisas começam a desandar. Ando tentando entender filmes que misturam gêneros. A ideia é corajosa, mas na maioria das vezes a execução sai presunçosa. O humor em Dogs don't wear pants aparece sutilmente, tão leve que chega a ser imperceptível, diria até desnecessário. O filme traz ótimas atuações que poderiam ter sido mais exploradas com um pouco de aprofundamento nos personagens. Acredito que dessa maneira a compreensão e interesse no enredo seriam maiores. No mais, é um bom filme, mas nada corajoso apesar da temática polêmica. Transita e perambula e acaba nos entregando um pedaço do que poderia ser e, na minha mera opinião, poderia ter sido um romance ácido (gênero que acabo de inventar) bem trabalhado do começo ao fim.
V.
Dogs Don't Wear Pants (2019, dir. J.-P. Valkeapää)
Atualizado: 7 de out. de 2022
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