Os trinta são uma existência observada por dentro e por fora. Quanto mais por dentro, mais por fora. O olhar se dá inevitavelmente na raiz e voluntariamente nas construções e tentativas de sobreviver. A análise que faço é que meu tom de voz varia de maneira exagerada a cada dia, a cada contato, a cada canção (como um garoto de 11 anos trocando de voz). Antes sofria em pensamentos sobre a possível falta de personalidade (ou excesso dela(s)) que isso poderia ser; agora, realmente agora no relógio, percebo que todas são uma só voz. Sim, deveras cafona, mas é o que é. É interessante o magnetismo das mulheres de trinta e a melancolia dos homens desta idade. Carregamos uma promessa que nunca fizemos. Não há fronteiras que diminuam ou anulem o pesar de andar por aí devendo algo que nunca se prometeu, algo que penso ser relacionado com nossos pais. Percebo também que o caminho para a maturidade está enfeitado com placas de alarde falso indicando supostos atalhos que poderiam levar à loucura. Em todo caso, as placas de madeira são diferentes e trazem consigo o alerta furta-cor de probabilidade alta de perder a cabeça. Por este rumo há flores e sapinhos coloridos que não devemos lamber.
V.
out. 2022
Atualizado: 16 de jan.
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