sonho 1 - prédio-balão
- V.
- 25 de nov. de 2021
- 1 min de leitura
Era um prédio no Plano Piloto, daqueles com piso de taco, antigo, armário embutido com cheiro de naftalina. Estava num quarto grande, cama de casal com edredom branco e confortável, abajur iluminando as paredes engessadas há tanto tempo. Não me lembro o exato momento ou se algo o engatilhou; acredito que nos sonhos as razões, os começos, os fins, são uma nuvem de fumaça que acalma, intoxica e faz esquecer. A primeira sensação foi da cama levitando, coisa que já tive contato em outros sonhos. Mesmo com tal movimento conhecido pelo subconsciente, a sensação de maravilhamento foi brilhante. Aos poucos o quarto começou a flutuar, mexendo-se devagar para a direita, depois para a esquerda, como num brinquedo gigante do parque de diversões. Senti medo quando o ceticismo me espetou atrás da orelha. Fingi não sentir. E quando relaxei novamente, o prédio inteiro estava flutuando. As portas e paredes sumiram. Eu via a cidade de cima, do alto do concreto tremendamente grande. Meu corpo quase caindo, mas a confiança fazendo dele estático de alguma maneira. A gravidade negada. Passeei pelas ruas verdes do avião-borboleta. Pousamos na área de fumantes de algum Ministério. Ninguém nas ruas. Acendi um cigarro e procurei algum ser que pudesse me falar se havia visto meu prédio e eu rondando pelos ares. De novo a espetada atrás da orelha. Novamente respirei e quando soltei a fumaça a praça estava no ar. Acordei leve e estava chovendo.
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